O que é a Síndrome de Tourette?

“Não posso pegar em faca, não posso estudar direito, não posso lavar a louça, pegar em prato e segurar as coisas, porque eu as jogo”. Contou Victoria Nobre Fernandes, estudante de 15 anos, em um vídeo que viralizou nas redes sociais.

Além de lidar com todas as questões comuns – e complexas – da adolescência, a jovem também enfrenta a Síndrome de Tourette, que caracteriza-se por tiques motores ou vocais que ocorrem com frequência e intensidade variáveis, podendo, em casos como este, causar constrangimento e desconforto em situações sociais.

No caso de Victoria, há os tiques, movimentos e gestos corporais que são incontroláveis e que, por muitas vezes, a machucam. O vídeo postado por ela mesma tem um intuito: tentar normalizar a síndrome e demonstrar que os sons, gestos ou xingos emitidos involuntariamente não são propositais, mas sim uma condição da Tourette.

QUANDO E COMO A SÍNDROME DE TOURETTE SE MANIFESTA?

Os primeiros sintomas geralmente se instalam na infância e o quadro deve começar antes dos 18 ou 21 anos de idade. Em 80% dos casos, os tiques motores são a manifestação inicial da síndrome, como piscar os olhos ou movimentar as mãos e braços. Os sintomas podem se agravar, surgindo palavras repetidas, movimentos bruscos e sons como latir, grunhir, gritar ou falar palavrões.

Em alguns casos, as pessoas conseguem suprimir os tiques durante situações sociais, enquanto outras, têm dificuldade em mantê-los controlados, especialmente se estiverem passando por momentos estressantes, dificultando a vida escolar, profissional e social em geral.

A Tourette pode melhorar ou até desaparecer depois da adolescência, mas, em outras pessoas, esses tiques podem se manter durante a vida adulta.

O QUE CAUSA A SÍNDROME DE TOURETTE?

O transtorno é genético, mas sua causa ainda é desconhecida. Os sintomas pioram com o estresse, e são independentes dos problemas emocionais. Os tiques podem estar associados a sintomas obsessivo-compulsivos (TOC), ao Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e a transtornos de aprendizagem em geral.

COMO DIAGNOSTICAR A SÍNDROME DE TOURETTE

O diagnóstico é essencialmente clínico, ou seja, não são necessários exames específicos para identificar o transtorno, mas em alguns casos, pode ser solicitada a ressonância magnética ou a tomografia computadorizada, por exemplo, para a exclusão de outras doenças neurológicas com sintomas semelhantes.

Qual médico procurar?

O diagnóstico clínico é feito por um neuropediatra ou psiquiatra especializado, e deve obedecer aos seguintes critérios:

  • Tiques motores múltiplos e um ou mais tiques vocais devem manifestar-se durante algum tempo, mas não necessariamente ao mesmo tempo;
  • Os tiques devem ocorrer em salvas (diversas vezes por dia), quase todos os dias ou intermitentemente por um período de pelo menos três meses consecutivos;
  • O quadro deve começar antes dos 18 ou 21 anos de idade.

 

COMO TRATAR A SÍNDROME DE TOURETTE

A Síndrome de Tourette não tem cura, mas tem tratamento de caráter multidisciplinar para controlar os sintomas, que pode ser:

  • Terapia comportamental cognitiva específica, conhecida como tratamento de reversão de hábitos;
  • Também há casos onde são indicados os antipsicóticos, que se demonstraram úteis na redução de intensidade dos tiques;
  • Aplicação local de toxina botulínica (botox) para reduzir os tiques localizados;
  • Meditação, ioga, esportes e exercícios físicos podem ser indicados para alívio do estresse, para promover maior concentração e para relaxar.

 

RECOMENDAÇÕES EM CASO DE SUSPEITA DA SÍNDROME DE TOURETTE:

  • Ao perceber movimentos involuntários, principalmente nas crianças, não adie a consulta ao médico;
  • Os portadores precisam de tratamento e não de repreensão;
  • Quanto antes começar o tratamento, melhor será a qualidade de vida e os resultados obtidos;
  • A conscientização das pessoas não portadoras da síndrome é muito importante para que haja compreensão e cuidado, melhorando o cotidiano do paciente.

 

Síndrome de Tourette: mais empatia, compreensão e cuidado. Menos preconceito.