Dia Mundial da Esclerose Múltipla: O que fazer ao receber o diagnóstico.

Estima-se que 40 mil brasileiros sejam acometidos com a doença autoimune que ataca o sistema nervoso central

Por vezes, sentimos coisas que não sabemos identificar ao certo o que é: formigamento, perda de força, embaçamento visual, falta de equilíbrio e alterações de humor com alta frequência. Pode sim, ser algo como stress, labirintite ou cansaço, que pode melhorar apenas em um final de semana de descanso e tranquilidade, mas também pode indicar alguma doença, condição ou distúrbio mais sério e que precisa de tratamento.

Nossa missão é trazer conscientização por meio de conteúdos que abordam sintomas, causas e tratamentos, para que você se identifique, procure um médico e busque uma intervenção adequada para uma melhor qualidade de vida.

No caso da Esclerose Múltipla, os sintomas podem ser confundidos com outras doenças neurológicas, por isso a importância da própria pessoa se entender e se conhecer, para identificar os sintomas e procurar um especialista adequado para a realização de exames e fechamento de diagnóstico. Entender a doença é o primeiro passo:

PRIMEIRAMENTE: O QUE É ESCLEROSE MÚLTIPLA?

A EM é uma doença inflamatória neurológica, crônica e autoimune. As células de defesa do organismo atacam o próprio sistema nervoso central, provocando lesões cerebrais e medulares, resultando em dificuldades motoras e sensitivas que comprometem a qualidade de vida de seus portadores.

Por motivos genéticos ou ambientais, o sistema imunológico passa a agredir a bainha de mielina que recobre os neurônios, levando à interferência na transmissão dos impulsos elétricos, comprometendo a função do sistema nervoso e produzindo os diversos sintomas da doença. A mielina está presente em todo o sistema nervoso central, portanto, qualquer região do cérebro pode ser acometida, e o tipo de sintoma estará diretamente relacionado ao ponto afetado.

CAUSAS DA ESCLEROSE MÚLTIPLA

As causas da doença são desconhecidas. O que se sabe até agora é que a evolução varia de pessoa para pessoa e é mais comum entre mulheres jovens, entre 20 e 30 anos, e indivíduos de pele branca que vivem em zonas temperadas.

SINTOMAS MAIS COMUNS DA EM

Inicialmente a Esclerose Múltipla é bastante sutil, com sintomas que surgem e desaparecem naturalmente e que não chamam a atenção do paciente. É o período em que os sintomas neurológicos da doença se manifestam de forma mais acentuada, podendo durar dias ou semanas.

O silêncio inicial da doença faz com que não se dê muita importância aos sintomas, uma vez que eles são remitentes-recorrentes, ou seja, vão e voltam independentemente do tratamento.

Pode-se apresentar sintomas sensitivos por dois ou três anos, como turvação da visão ou alterações no controle da urina. Com a evolução do quadro, aparecem outros sintomas sensitivos, motores e cerebelares de maior magnitude.

Os sintomas mais comuns incluem:

  • Fadiga

Cansaço intenso e momentaneamente incapacitante.

  • Alterações fonoaudiológicas

Ligadas à fala e à deglutição.

  • Transtornos visuais

Visão dupla e/ou embaçada.

  • Problemas de equilíbrio e coordenação
  • Espasticidade

Rigidez de um membro ao movimentar-se.

  • Transtornos cognitivos

Levar mais tempo para memorizar e executar tarefas.

  • Transtornos emocionais

Depressão, ansiedade, irritação, mudanças de humor ou flutuação entre depressão e mania – transtorno bipolar.

  • Sexualidade

Disfunção erétil nos homens e diminuição de lubrificação vaginal nas mulheres, perda de sensibilidade.

DIAGNÓSTICO

Após a identificação dos sintomas, deve-se procurar o médico Neurologista, profissional adequado para investigar e tratar pacientes com Esclerose Múltipla.

Existem diversas doenças inflamatórias e infecciosas que podem ter sintomas semelhantes aos da EM. Por isso, é importante integrar conhecimento médico e história de vida do paciente junto à realização de exames físicos, neurológicos e laboratoriais para auxiliar no diagnóstico, que é basicamente clínico, mas conta com o auxílio de exames de imagem, como a ressonância magnética e o exame do líquor, líquido que protege a medula espinhal, para ajudar na confirmação.

TRATAMENTO

  • Medicamentoso

A Esclerose Múltipla não tem cura, mas tem tratamento, que visa reduzir a possibilidade de um novo surto, ou seja, de aumentar o intervalo entre um sintoma e outro, e de abreviar a fase aguda. É importante dizer que todas as drogas conhecidas apenas espaçam os episódios de recorrência ou reduzem a intensidade dos surtos. Dificilmente, com a metodologia terapêutica atual, o doente ficará livre da doença.

  • Neurorreabilitação

Aliado ao tratamento medicamentoso, a neurorreabilitação é uma aliada importante do tratamento da Esclerose Múltipla:  psicologia, neuropsicologia, fisioterapia, arteterapia, fonoaudiologia, fisioterapia, neurovisão e terapia ocupacional são muito úteis para  reduzir a espasticidade, espasmo, fadiga e depressão, além de colaborar na adaptação e recuperação, quando possível, e prevenção de complicações que podem ocorrer ao longo do tempo, como deformidades ósseas.

  • Terapias de apoio e complementares

As terapias de apoio, como neurologia, psiquiatria, medicina preventiva e urologia são importantes e podem auxiliar no tratamento dos pacientes com EM, aumentando sua qualidade de vida.

Já as terapias complementares contribuem com o paciente no aspecto psicológico, melhorando a autoestima, autoconfiança e aceitação. Já no aspecto físico, ajudam a aliviar dores, melhorando a força e a flexibilidade, além de melhorar a capacidade em realizar atividades do dia a dia.

É possível ter qualidade de vida, mesmo tendo a Esclerose Múltipla. Para isso, é importante um diagnóstico rápido, pois quanto mais cedo começar o tratamento, melhor.

Ao menor dos sintomas, não “deixe pra lá”: pratique a auto-observação e procure um neurologista para investigação do problema.